Desarmamento e Desonestidade Intelectual

Adilson Dallari

16/03/2017

Revista Época de 13 de março de 2017, p. 40/42.

Entrevista com ILONA SZABÓ, concedida a Marcelo Moura.

A matéria é sobre a liberação das drogas, tendo como título “Barroso é corajoso ao propor a regulação da cocaína”

Na primeira linha, consta que “Em 2000, Ilona Szabó coordenou a campanha do desarmamento”

No anexo, está transcrita a última pergunta feita por Época.

A resposta dada não pode ser atribuída ao desconhecimento da matéria.

Em síntese, ela coloca dois argumentos:  1) o povo brasileiro não está preparado para o exercício da democracia; e 2) o resultado foi decorrente da influência do poder econômico.

Como todos os brasileiros letrados sabem, a campanha a favor do desarmamento contou com o apoio da PODEROSÍSSIMA Rede Globo de Televisão, com inúmeros depoimentos de artistas globais.

Além disso teve apoio do Instituto Sou da Paz, cujo principal patrocinador é O HOMEM MAIS RICO DO BRASIL, Jorge Paulo Lehmann.

Não há sombra de dúvida de que o poder econômico e o poder da mídia eram favoráveis ao desarmamento.

Nós, defensores do direito à legítima defesa, tivemos apenas o limitadíssimo tempo de TV concedido pela Justiça Eleitoral.

Em 20 dias, com um mínimo de recursos propiciado apenas pela indústria de armas (que cobriu apenas os custos de produção do nosso material de propaganda), mas com a força dos nossos argumentos, nós, ilustres desconhecidos, derrotamos a Rede Globo e o Poder Econômico.

Dois terços dos brasileiros votaram CONTRA a Lei do Desarmamento.

Ganhamos na urna e perdemos no tapetão.

O Supremo Tribunal Federal (Relator Ministro Lewandowski), o Governo Federal e o Congresso Nacional simplesmente ignoraram o resultado do referendo.

Obviamente a entrevistada sabia perfeitamente que estava mentindo.