"O meu voto é número 1 porque sou a
favor da liberdade e acho que a proibição
vai encorajar o bandido. O bandido estará armado",
disse Alencar durante sabatina organizada pelo jornal
Folha de S.Paulo.
A posição é contrária à do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que neste
fim de semana publicou um artigo no qual afirma que "o
suposto benefício da posse de arma está muito
abaixo dos seus malefícios".
Ao ser lembrado da opção de Lula, Alencar
preferiu não polemizar. "Isso é a democracia",
disse, com um leve sorriso.
Uma das justificativas usadas nas propagandas
da campanha pelo "não" é que o governo ao qual
Alencar faz parte investe pouco em segurança pública
e por isso o cidadão precisa ter a possibilidade
de se armar.
Durante a sabatina, Alencar falou da
crise que atinge o governo, de sua posição como ministro da
Defesa, dos feitos do governo e de eleições.
O vice-presidente defendeu Lula e disse ter certeza que
ele não sabia do suposto esquema do mensalão
e que o presidente é "um homem de bem".
Mas Alencar repetiu que não acredita na versão
dos empréstimos bancários que teriam sido
obtidos pelo PT com ajuda do empresário Marcos Valério
de Souza.
Ao ser perguntado de onde imagina ter
vindo o dinheiro movimentado, arrancou risos da platéia ao responder. "Se
eu soubesse de onde veio tinha apontado."
O vice-presidente, que deixou o PL em
meio aos escândalos
que envolveram a legenda e outros da base aliada do governo,
disse que não é candidato "a nada",
mas fez questão de deixar essa possibilidade em
aberto.
"O futuro a Deus pertence. Não falei que não
vou ser candidato a nada. Falei que não sou candidato
a nada", disse ele a jornalistas depois da sabatina,
sem esclarecer qual cargo poderia postular em 2006. Aos
73 anos, Alencar filiou-se ao recém fundado PMR,
ligado à Igreja Universal.
NOTA ZERO
Durante boa parte do tempo, Alencar tratou
de reiterar suas queixas às altas taxas de juros do governo
e deu nota zero à política monetária.
Mas ao governo em geral, a avaliação de
Alencar foi mais generosa: nota sete.
Feroz crítico dos juros altos, Alencar evitou fazer
uma crítica generalizada ao trabalho da equipe
do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
"De fato, a política econômica como
um todo tem muito também de correto, ela não
tem tudo de errado. Agora, a política monetária
em si é que eu dou nota zero. Essa eu não
abro mão, porque é evidente que ela está errada."
Disse que a taxa brasileira é dez vezes maior que
a da média dos demais países e que isso atravanca
um processo de crescimento mais acelerado da economia brasileira.
Ao lembrar um slogan da campanha de 2002, Alencar emendou
que "essa política monetária demonstra
'o medo de ser feliz"'.
Para compensar sua avaliação negativa da área
monetária, o vice-presidente ressaltou que algumas áreas
do governo merecem nota dez. Entre elas, citou a política
externa, programas sociais, como o Fome Zero, e a preocupação
do governo com "probidade".