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Manchetes Ter, 11 Out - 21h04
Para Alencar, voto "sim" no referendo beneficia bandido .

SÃO PAULO 11 de outubro (Reuters) - O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, disse nesta terça-feira ser contra a proibição do comércio de armas e munição por achar que a medida beneficiará os criminosos

"O meu voto é número 1 porque sou a favor da liberdade e acho que a proibição vai encorajar o bandido. O bandido estará armado", disse Alencar durante sabatina organizada pelo jornal Folha de S.Paulo.

A posição é contrária à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que neste fim de semana publicou um artigo no qual afirma que "o suposto benefício da posse de arma está muito abaixo dos seus malefícios".

Ao ser lembrado da opção de Lula, Alencar preferiu não polemizar. "Isso é a democracia", disse, com um leve sorriso.

Uma das justificativas usadas nas propagandas da campanha pelo "não" é que o governo ao qual Alencar faz parte investe pouco em segurança pública e por isso o cidadão precisa ter a possibilidade de se armar.

Durante a sabatina, Alencar falou da crise que atinge o governo, de sua posição como ministro da Defesa, dos feitos do governo e de eleições. O vice-presidente defendeu Lula e disse ter certeza que ele não sabia do suposto esquema do mensalão e que o presidente é "um homem de bem".

Mas Alencar repetiu que não acredita na versão dos empréstimos bancários que teriam sido obtidos pelo PT com ajuda do empresário Marcos Valério de Souza.

Ao ser perguntado de onde imagina ter vindo o dinheiro movimentado, arrancou risos da platéia ao responder. "Se eu soubesse de onde veio tinha apontado."

O vice-presidente, que deixou o PL em meio aos escândalos que envolveram a legenda e outros da base aliada do governo, disse que não é candidato "a nada", mas fez questão de deixar essa possibilidade em aberto.

"O futuro a Deus pertence. Não falei que não vou ser candidato a nada. Falei que não sou candidato a nada", disse ele a jornalistas depois da sabatina, sem esclarecer qual cargo poderia postular em 2006. Aos 73 anos, Alencar filiou-se ao recém fundado PMR, ligado à Igreja Universal.

NOTA ZERO

Durante boa parte do tempo, Alencar tratou de reiterar suas queixas às altas taxas de juros do governo e deu nota zero à política monetária. Mas ao governo em geral, a avaliação de Alencar foi mais generosa: nota sete.

Feroz crítico dos juros altos, Alencar evitou fazer uma crítica generalizada ao trabalho da equipe do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

"De fato, a política econômica como um todo tem muito também de correto, ela não tem tudo de errado. Agora, a política monetária em si é que eu dou nota zero. Essa eu não abro mão, porque é evidente que ela está errada."

Disse que a taxa brasileira é dez vezes maior que a da média dos demais países e que isso atravanca um processo de crescimento mais acelerado da economia brasileira. Ao lembrar um slogan da campanha de 2002, Alencar emendou que "essa política monetária demonstra 'o medo de ser feliz"'.

Para compensar sua avaliação negativa da área monetária, o vice-presidente ressaltou que algumas áreas do governo merecem nota dez. Entre elas, citou a política externa, programas sociais, como o Fome Zero, e a preocupação do governo com "probidade".

(Por Marcos de Moura e Souza)