O
SR. LAEL VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)
-
Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, no próximo
dia 2 de julho terminará o prazo para os cidadãos
de bem recadastrarem suas armas, mas até o momento
poucos se preocuparam com isso: de 15 milhões
de armas de fogo registradas, somente 170 mil foram
recadastradas.
Com
efeito, não é por acaso que aproximadamente
14,83 milhões de armas ainda não tenham
sido recadastradas, podendo-se prever que dificilmente
os cidadãos cumprirão tal exigência
do Estatuto do Desarmamento até a data prevista.
O baixo índice de recadastramento seguramente
se deve às onerosas exigências, que praticamente
inviabilizam tal registro, bem como sua renovação
a cada 3 anos.
O
montante de recursos que o proprietário de arma
deve desembolsar para a renovação do registro,
com o teste prático de tiro e o exame psicotécnico
exigidos, atinge entre 600 e 1.000 reais. Além
disso, o recadastramento deveráser feito pela
Internet, rede à qual ainda não têm
acesso 84 milhões de brasileiros, incluindo numerosos
proprietários de armas, em especial os
residentes no campo.
A
Campanha pela Legítima Defesa está enviando
importante aviso aos seus participantes: Após
o julgamento do malfadado Estatuto do Desarmamento pelo
Supremo Tribunal Federal, os cidadãos possuidores
de armas de fogo deverão adotar as providências
para que suas peças não se tornem ilegais,
segundo a tirânica lei, no mais tardar, até o
dia 2 de julho.
Segundo
a Agência Brasil, tal problema contraria
o resultado do referendo de 23 de outubro de 2005, quando
60 milhões de eleitores (63,94% dos votos válidos)
disseram não à proibição
da venda de armamentos, argumenta o presidente do Movimento
Viva Brasil — MBV, Benê Barbosa.
Outro
impasse refere-se à logística e à infra-estrutura
da Polícia Federal, órgão responsável
pelo recadastramento das armas de fogo, para atender àimensa
demanda existente. As dificuldades incluem as dimensões
continentais do Brasil e áreas de difícil
acesso. São apenas 400 psicólogos e 69
instrutores de tiro cadastrados pela Polícia Federal
para avaliar 15 milhões de laudos
em todo o Brasil.
Considerando
as 14,83 milhões de armas ainda a
serem recadastradas, cada psicólogo teria de fazer
37.075 exames e cada instrutor teria de atender 214.927
brasileiros, em prazo inferior a 2 meses. Com base em
todas as exigências propostas pelo Estatuto, a
partir de 3 de julho, cerca de 14 milhões de brasileiros
poderão passar para a ilegalidade e ficar sujeitos à pena
de 3 anos de detenção.
Segundo
Benê Barbosa, a lei — muito distante da
realidade brasileira — cria obstáculo praticamente
intransponível, inclusive para as autoridades
competentes, no sentido de que se cumpram os prazos e
as exigências do recadastramento. São cerca
de 15 milhões de unidades, 5 milhões registradas
no SINARM — Sistema Nacional de Armas, da Polícia
Federal, e 10 milhões nos antigos cadastros das
Secretarias Estaduais de Segurança Pública.
Desse total, desde a promulgação do Estatuto
do Desarmamento (Lei Federal 10.826), em dezembro de
2003, foram recadastradas, em todo o País, somente
170 mil armas. Considerando o número de meses
no período compreendido entre janeiro de 2004
e abril de 2007 — 40 — , foram recadastradas apenas 4.250
armas por mês.
Levando-se em conta os 2 meses restantes
(maio e junho) para expirar o prazo
do recadastramento, seria
ilógico
imaginar o registro, em tão curto período,
das 14,83 milhões de armas restantes, ou seja,
mais de 200 mil por dia útil. A cada dia, até a
expiração do prazo, teria de ser registrado
o mesmo número de unidades verificado desde 2003.
Esses dados reais são congruentes com pesquisa
do IBOPE, o que demonstra que apenas 10% dos proprietários
farão o recadastramento, caso
se mantenha o complicado conjunto de
normas previsto na lei.
A
rigor, a população atesta a inviabilidade
das exigências e expressa seu descontentamento
com o conteúdo da lei, por meio da atitude de
não recadastrar, explica o presidente do MVB,
salientando: Tais distorções existem apenas
porque o Estatuto do Desarmamento foi concebido à luz
do sim no Referendo, ou seja, para uma situação
de total proibição da venda de armas no
Brasil. E, agora, o brasileiro que conquistou o direito àdefesa,
exige a prerrogativa de permanecer
na legalidade.
A
baixa porcentagem de recadastramento
comprova o resultado do referendo
relativo ao Estatuto
do Desarmamento,
realizado em 23 de outubro de 2005,
quando os brasileiros votaram
contra a proibição e a favor de seu direito à defesa.
Sr.
Presidente, considerando a gravidade dos fatos e
a urgência de medidas para solucionar o problema,
são necessárias as seguintes mudanças
no Estatuto do Desarmamento, propostas pelo MVB, para
adequar a lei àvontade expressa nas urnas pelo
eleitorado: mudança do prazo para recadastramento
de 3 para 10 anos; fixação do valor da
taxa de recadastramento em R$50,00 e que os exames de
capacitação técnica e psicotécnica
sejam tabelados pela Polícia Federal no valor
de R$ 50,00 cada; autorização para realização
dos exames por profissionais capacitados e habilitados,
mesmo que não tenham vínculo com a Polícia
Federal; concessão de anistia a todos os proprietários
de armas que tenham boa-fé e, por motivo de desconhecimento,
não tenham feito o devido cadastramento na época
devida; divulgação em massa e no maior
período possível de campanha de esclarecimento
da necessidade do recadastramento, a cada 10 anos, das
armas com registro, e convocação para registro
das armas em situação
irregular.
Sr.
Presidente, solicito a V.Exa.
autorize a divulgação
deste pronunciamento pelos órgãos de comunicação
da Câmara dos Deputados.
Tenho dito.