CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ
Sessão: 207.4.52.O Hora: 14:02 Fase: PE
Orador: LAEL VARELLA, PFL-MG Data: 12/12/2006
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O SR. LAEL VARELLA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a violência e a criminalidade continuam preocupando a população brasileira. Já comemoramos o primeiro aniversário da estrondosa vitória do "não" no referendo sobre as armas. O recado das urnas foi claro, mas até agora não houve mudanças no malfadado Estatuto do Desarmamento, na política de segurança pública e no combate ao crime.
A Campanha pela Legítima Defesa, coordenada pelo advogado José Luiz de Sanctis, com sobrada razão alerta:
" Em 2 de julho de 2007, mais de 2 milhões de brasileiros correrão o risco de passar para a ilegalidade, em conseqüência da aplicação de uma lei tirânica, sabidamente inconstitucional, que é o Estatuto do Desarmamento.
Todos os homens de bem que, no passado, compraram legalmente armas de defesa, e se recusarem ou se esquecerem de renovar o registro mediante o pagamento de R$300,00 (trezentos reais!) estarão na ilegalidade, passíveis de prisão e confisco da arma, com pena de reclusão de vários anos".
E Luiz de Sanctis alerta ainda para o fato de que as pessoas de bem, "ao se defenderem contra a invasão de bandidos dentro de sua casa usando essas armas (que pela falta de renovação do registro serão ilegais) e se nesta eventualidade matarem ou ferirem o(s) bandido(s) terão praticado um crime inafiançável. Deverão responder a processo crime de dentro das prisões".
Sr. Presidente, notícia da Agência Brasil de 23 de outubro, do repórter José Carlos Mattedi, esclarece que o prazo final para o recadastramento das armas de fogo no País termina em 2 de julho de 2007, e não no dia 23 de dezembro próximo. A informação é do Sistema Nacional de Armas (SINARM), da Polícia Federal (PF).
Segundo a assessoria da PF, há um problema de interpretação da lei. Os portadores de armas estão contando o prazo de 3 anos a partir da aprovação do Estatuto do Desarmamento, ocorrido em 23 de dezembro de 2003, o que seria um erro. Na verdade, assegura a PF, o Estatuto fala de 3 anos para o recadastramento após a regulamentação da lei (Decreto nº 5.123, de 2004), e esta só foi publicada em julho de 2004.
Após as eleições de 29 de outubro, o Governo Federal vem fazendo uma campanha nacional de divulgação do recadastramento. Em todo o Brasil, de acordo com a PF, existem 15 milhões de armas de fogo, incluindo as das Polícias Federal, Militar e Civil. Desse total, 4.348.140 estão nas mãos de civis e registradas no SINARM, sendo que 500 mil delas já foram recadastradas.
Para o Presidente do Movimento Viva Brasil, Bené Barbosa, o aumento do prazo em 6 meses é bem-vindo, mas isso não impedirá, em sua opinião, que 80% dos portadores das 4,3 milhões de armas legais no País deixem de fazer o recadastramento.
" Quase 3,5 milhões de armas podem cair na ilegalidade. Seus proprietários, embora tenham adquirido legalmente o produto, podem ser presos por porte ilegal, pegando até 3 anos de reclusão por não terem como fazer o recadastramento", disse Bené.
Ele cita 2 pontos que dificultariam o novo registro: a burocracia e o custo. No primeiro caso, o Presidente do Viva Brasil reclama que os registros só podem ser feitos nos postos da PF, o que atrapalharia aqueles que moram longe dos grandes centros, além do tempo exíguo para os trâmites práticos (exames de aptidão, testes psicotécnico e prático).
Na questão do custo, ele ressalta o "alto valor" da taxa, em média R$700,00 por peça: "Em muitos casos, esse valor supera o preço da arma. Isso tudo levará um grande contingente de pessoas a preferir a ilegalidade, o que vai gerar um aumento do número de armas ilegais circulando no país", disse.
Sr. Presidente, urge modificar o Estatuto do Desarmamento, para evitar essas ilegalidades e garantir o direito de legítima defesa, que é um direito natural, anterior ao Estado, e não uma benesse deste. Fato expressivo foi o que aconteceu com a aposentada no Rio, que reagiu baleando na mão um ladrão que tentou assaltá-la com uma faca no Flamengo, na Zona Sul, a poucos metros de sua casa. Para o ladrão, todas as facilidades e, para a pessoa de bem, todas as dificuldades. Em boa hora, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro reparou a injustiça condecorando-a com a Medalha Pedro Ernesto.
Urge, portanto, facilitar o cadastramento das armas legais sem ônus e entraves burocráticos.
Tenho dito.