Política - Bauru 05/02/2006
Ato pede legislação severa para crimes
1.º Encontro Regional pela Segurança de São
Paulo aponta cinco ações principais, a
maior por leis mais duras
Nélson Gonçalves
O
combate aos crimes como homicídio e seqüestro
e a redução dos indicadores de violência
no País exigem a manutenção da Lei
de Crimes Hediondos, em discussão no Judiciário,
e a aprovação de normas para possibilitar
o combate de delitos como o seqüestro-relâmpago,
a revisão do Estatuto do Desarmamento e da própria
legislação penal. Estes são os principais
temas apresentados na Carta de Bauru retirados do 1.º Encontro
Regional pela Segurança de São Paulo, realizado
ontem na Câmara Municipal.
O encontro,
coordenado pelo diretório municipal
do PTB, contou com a participação de organizações
não-governamentais, empresários, agentes
políticos, clubes de serviço e entidades
sociais. O ex-governador de São Paulo e ex-secretário
estadual de Segurança Pública, deputado
federal Luiz Antonio Fleury Filho (PTB), participou do
evento.
Para o deputado, é preciso inverter a lógica
entre Estado e criminosos. “A sociedade está desorganizada
institucionalmente para combater o crime, que está organizado”,
disse. Não obstante à discussão
sobre segurança pública, o evento acabou
reunindo simpatizantes à candidatura de Fleury
Filho ao governo do Estado neste ano.
O movimento
defendeu a discussão do sistema policial
e a melhoria das condições de trabalho
dos policiais e agentes penitenciários. O debate
sobre os problemas no setor segue pelo Interior do Estado.
Ainda ontem, Fleury Filho foi a Catanduva para discutir
o tema.
Resistência
ao crime
Apesar das
manifestações políticas
e das posições duras contra o sistema de
segurança pública no País, foi a
participação de um pai que perdeu o filho
assassinado por um menor ao ser parado em um semáforo
de São Paulo que chamou a atenção
do plenário da Câmara Municipal lotado ontem.
Jorge Damús Filho, do Movimento de Resistência
ao Crime, foi o primeiro a discursar, mas poderia ser
o único para o cumprimento do objetivo de alertar
a sociedade para a temática.
Após criticar a legislação que
bloqueia a prisão de menores que cometeram crimes
em série, inclusive os de natureza grave como
os homicídios e de defender o fim do indulto,
Damús contou que no dia 27 de setembro de 1999
seu filho, Rodrigo, foi morto por um jovem a três
dias para completar 18 anos, ao ser abordado ao parar
em um dos muitos semáforos da capital do Estado.
“O menor matou
meu filho para levar o carro dele para o desmanche
e vender por R$ 500,00, usando o dinheiro
para dar uma festa. O criminoso ficou um ano e meio na
Febem e voltou para as ruas. Isso precisa mudar. Não
estou aqui pelo meu filho. Ele eu não tenho nunca
mais, mas pelos seus, que podem sofrer o mesmo”, falou
ao microfone da tribuna da Câmara.
Para o pai
da vítima de homicídio, menores
autores de crimes precisam ser tratados como criminosos
pela legislação. “A impunidade do menor
tem que ser revista. Hoje no país cada um dos
brasileiros tem o direito absurdo de matar e responder
em liberdade depois. O bandido e criminoso é criminoso,
menor ou não”, citou.
Ao final de
sua fala em defesa da redução
da maioridade penal e a punição dos jovens
infratores, Damús perguntou aos presentes onde
estavam seus filhos naquele instante, por volta das 11h
de ontem.
“Vocês devem saber onde estão seus filhos
agora. O meu está na cova 2732 do cemitério
do Araças em São Paulo. Os sonhos dele
ficaram lá em troca da impunidade. Ele não
sonha mais, não brinca mais. Represento os interesses
dos pais que perderam seus filhos, como eu. Estou aqui
para que não estejam um dia no meu lugar”, finalizou.
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