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São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

FERNANDO RODRIGUES

A internet na política

BRASÍLIA - Já há 32,1 milhões de brasileiros com mais de 16 anos e algum tipo de acesso à internet. O número é do Ibope. Eram menos de 10 milhões em 2002, quando Lula se elegeu com 39,4 milhões de votos.
Nesta eleição presidencial de 2006 a internet será um meio de comunicação com efeitos reais no resultado da disputa. Será a primeira vez no Brasil. Já é algo comum nos EUA.
Até 2002, o candidato a um cargo eletivo no Brasil montava equipes de marketing, imprensa, TV, rádio, pesquisas e coordenação de cabos eleitorais. Internet era algo acessório, quase um luxo. Agora, o político que entrar na disputa sem pensar na web pode até não perder, mas sairá com certeza em desvantagem.
O meio eletrônico de comunicação cresce sem parar. Ontem, o jornal "The New York Times" trouxe longa reportagem a respeito.
Eis um dado: o valor de publicidade gasto em internet nos EUA subiu de US$ 4,2 bilhões em 2004 para US$ 5,1 bilhões em 2005 -um aumento de 21,4%. A título de comparação, o bolo publicitário dos jornais de circulação nacional no mercado norte-americano foi de US$ 1,6 bilhão no ano passado, quase sem variação em relação ao período anterior.
Não pense o político que vai apenas ganhar votos se estiver na internet. Muito possivelmente, perderá eleitores. A web tem sido, para o bem e para o mal, o meio predileto para a propaganda negativa. Monta-se um site em Lesoto. Divulga-se uma mentira. Até o atingido se explicar, o estrago já foi feito. Alguém imagina, por exemplo, que o escândalo da hora, a "lista de Furnas", teria a amplitude que tem sem a internet? Impossível.
A ciência e a arte dos candidatos em outubro será conseguir neutralizar as eventuais propagandas negativas vindas da internet. Nos EUA, quase ninguém consegue. Aqui, poucos sequer pensam no assunto.

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