REFERENDO
Sem
policiais, Coqueiros do Sul rejeita proibição
da venda de armas; maioria da população
vive na zona rural
Cidade gaúcha tem 96% de votos no "não"
LÉO
GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE Rio
Grande do Sul foi o Estado que teve mais adesão
ao voto "não": 86,83%. A quase unanimidade
de votos em Coqueiros do Sul (96,6%) é uma mostra
do resultado entre os gaúchos. A maior parte da
população da cidade vive na zona rural,
e o policiamento vem do município vizinho.
"
As moradias costumam ficar em estradas de chão
batido. Fica muito difícil mesmo para o policiamento.
A cidade é pacata, mas as pessoas realmente não
são assistidas corretamente", disse o delegado
Danilo Flores, do município Carazinho.
Não há dados sobre a criminalidade em Coqueiros
do Sul. O delegado de Carazinho afirma que a maior parte é de
furtos e que, geralmente, a polícia fica sabendo
apenas dias depois.
O prefeito de Coqueiros do Sul, Acácio Scheidt
(PDT), foi um entusiasta do "não", pois,
conforme ele próprio costuma dizer aos habitantes, "não
há governo que dê proteção
total". A falta de segurança, segundo o prefeito,
leva todos os cidadãos a terem de se proteger
individualmente.
A 309 km de Porto Alegre, com 2.954 habitantes e 2.121
eleitores na região do Planalto, Coqueiros do
Sul tem propriedades rurais visadas pelo MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Uma delas é a
fazenda Coqueiros, que já foi invadida três
vezes pelos sem-terra.
O delegado atribui a essa atuação do MST
um dos motivos para a adesão quase que completa
da cidade ao "não".
O "sim", em Coqueiros do Sul, recebeu 3,39%
dos votos. A abstenção ficou em 11,83%,
os brancos em 0,64% e os nulos, 0,11%.
Outros municípios gaúchos que tiveram forte
votação no "não" foram
Santo Antonio do Planalto (95,4%), Anta Gorda (95,3%),
Arroio do Padre (95%), Cerrito (95%) e Coronel Barros
(95%).
Porto Alegre foi a campeã do "não" entre
as capitais: 83,66% (683.562) dos votos válidos.
O "sim" alcançou 16,34% (133.535).
Em Marechal Thaumaturgo (AC), o "não" também
teve uma vitória esmagadora: 97,44%, obtidos com
os votos de 3.619 eleitores. Apenas 95 pessoas optaram
pelo "sim" (2,56%). Em Jordão, no mesmo
Estado, 50 pessoas representaram os 3,07% da opção
derrotada. Outros 1.580 eleitores escolheram o "não" (96,93%).
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