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São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

REINO UNIDO

Sharon foi alvejada em uma perseguição

Morte de policial britânica acirra debate sobre uso de armas de fogo

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

O assassinato de uma policial em serviço na última sexta-feira à noite acirrou a discussão sobre a utilização de armas de fogo pela corporação no Reino Unido.
Sharon Beshenivsky, 38, foi alvejada na cabeça durante perseguição a uma quadrilha que roubara uma agência de turismo em Bradford, 320 km ao norte de Londres. Sua colega Teresa Milburn, 37, foi ferida no ombro, mas já deixou o hospital. Como a maioria dos policiais britânicos, elas não portavam armas.
A morte de Sharon, que estava em período de treinamento, causou comoção no país, principalmente após a notícia de que ela era mãe de cinco crianças, três filhos naturais e dois enteados. O primeiro-ministro Tony Blair e membros do primeiro escalão deram declarações de consternação.
Mas o episódio mexeu mesmo foi com associações de policiais e políticos da oposição, que passaram a cobrar uma ampliação do número de guardas com permissão a portar armas, hoje restrita a unidades específicas. Segundo o presidente da Federação dos Policiais, Jan Berry, somente 6.096 deles, ou 5% da força de Inglaterra e País de Gales, têm autorização para trabalhar com armas de fogo.
Deputados do Partido Liberal Democrata sugeriram que ex-militares ensinem a corporação a utilizar armas. O governo não se mostrou receptivo. "É importante manter a proximidade entre polícia e população, e portar armas pode colocar essa relação em risco", disse secretária do Ministério do Interior, Hazel Blears.
A polícia deteve em Londres seis suspeitos pela morte de Sharon. Cinco deles, quatro homens e uma mulher, foram levados a Bradford para interrogatório.
O debate sobre o porte de armas por policiais no Reino Unido ganhou fôlego após os atentados terroristas de 7 de julho em Londres e o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes.