Zezé diz que é contra impedir acesso a
armas e que referendo é forma de o governo camuflar
falta de segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
Na
entrevista abaixo, Zezé Di Camargo explica
suas razões para votar "não" no
referendo.
Folha - Como você votará no referendo e
por quê?
Zezé - Votarei "não". As pessoas
dizem que é perigoso ter uma arma em casa, que
ela pode causar um acidente. Ora, se você for tirar
tudo o que você tem na sua casa e que pode causar
um acidente... Cuidado você tem de ter, e não é só com
arma. Uma frigideira quente, uma tesoura, a piscina em
que as crianças brincam. Se tem gente que usa
armas de maneira imprópria, expondo a si ou a
outras pessoas a riscos, eu acho que o certo, então, é dar
cursos para ensinar como e quando usar a arma. E não
proibir o comércio. Eu sou contra todo tipo de
repressão.
Fala-se que muitas tentativas de reação
armada a um ataque de criminosos acabam em tragédia...
Zezé - Eu acho que existem casos e casos. Olha
só o que aconteceu com um amigo meu: os bandidos
tentavam entrar na casa dele, mas ele deu uns tiros na
janela e afugentou os marginais. Pense em um coitado
que mora em um sitiozinho, a 50 km da cidade mais próxima.
Se tentam invadir a casa dele, como ele vai se proteger
até chegar a polícia? É certo proibir
esse homem de comprar legalmente uma arma para tentar
defender sua família da violência?
Folha - O que você acha que acontecerá caso
seja aprovado o "sim"?
Zezé - Como as causas da violência urbana
e a insegurança continuarão aí,
muita gente continuará achando que andar armado é a
melhor saída. A diferença é que,
em vez de comprar uma arma pelas vias legais, ela comprará de
um traficante, com todo o mar de violências que
vem associado.
Folha - A maioria das celebridades está apoiando
o "sim". Você não se sente minoria?
Zezé - Eu acho que poucas celebridades estão
se posicionando contra a proibição do comércio
de armas porque têm medo de ser discriminadas,
de ser tachadas de ignorantes ou violentas. E não é nada
disso. Eu jamais comprei uma para dar tiro em alguém,
eu não tenho arma. É inacreditável
que um país que não oferece mínimas
condições de segurança aos seus
cidadãos exija que justamente os que andam na
linha fiquem desarmados.
Folha - Qual é sua explicação?
Zezé - Sabe qual a impressão que me dá?
Como o governo está sujo e não faz a parte
dele para garantir a segurança, quer responsabilizar
o cidadão comum pela criminalidade. Mas, e os
bandidos? Os bandidos estão à parte dessa
discussão. A culpa é do cidadão
de bem, que compra uma arma na loja e ainda a registra.
Estamos perdendo uma grande oportunidade de fazer um
referendo sobre coisas de fato importantes.
Folha - Como o quê?
Zezé - Por que não fazem um referendo para
reduzir a maioridade penal, que é muito mais importante?
(LC)