METRÓPOLE -
Sábado, 15 de Outubro de 2005
Ibope mostra 'não' com 49% e 'sim' com 45%
Pela primeira vez, uma pesquisa aponta o 'não' à proibição
ao comércio de armas na frente; como a margem de
erro é de 2,2%, o resultado mostra empate técnico
Uma pesquisa
do Ibope divulgada ontem à noite
no Jornal Nacional apontou que 49% dos brasileiros votariam "não" e
45% escolheriam o "sim" se o referendo sobre
proibição da venda de armas e munição
fosse hoje. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos
porcentuais, o resultado está no limite do empate
técnico: o porcentual do "não" está entre
46,8% e 51,2%, enquanto o do "sim", entre 42,8%
e 47,2%.
Dos 2002 entrevistados em 143 municípios entre
os dias 11 e 13, 6% não sabiam ou não quiseram
opinar. Eleitores homens, jovens, mais instruídos
e com maior poder aquisitivo, moradores das Regiões
Sul, Norte e Centro-Oeste, são os mais favoráveis
ao "não", segundo a pesquisa do Ibope.
Entre pessoas menos instruídas, com menor poder
aquisitivo e da Região Nordeste estão concentrados
os maiores índices de "sim".
Nove em cada
dez entrevistados pretendem votar no dia 23 e acompanham
as campanhas no rádio e TV. Sobre
a qualidade das campanhas: 44% preferem a do "sim" e
42%, a do "não". Mas, desde o início
da campanha, no dia 1º, apenas 12% disseram ter
mudado de opinião. A principal fonte de informação
sobre o referendo ainda são conversas com pessoas
da família, conforme apontaram 32% dos entrevistados.
Pesquisas
feitas em setembro por diferentes institutos indicavam
que entre 72 e 78% dos eleitores votariam no "sim".
CAMPANHA
O deputado
federal Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP),
vice-presidente da Frente Parlamentar Pelo Direito da
Legítima Defesa, queixou-se ontem do que classificou
como maniqueísmo disseminado pela campanha da
Frente Brasil Sem Armas. Participando de um debate sobre
o referendo na Associação Comercial do
Rio, Fleury reagiu à definição do
sociólogo Antônio Rangel Bandeira, da ONG
Viva Rio, de que os partidários do "não" representam
o voto conservador e o atraso, enquanto o "sim" mostra
a tendência de um Brasil moderno.
"Esse maniqueísmo dificulta. Acho que desde
o início a questão está sendo distorcida",
disse Fleury, que também tentou refutar as estatísticas
apresentadas por Bandeira. De acordo com o sociólogo,
que fez uma pesquisa detalhada sobre o assunto e publicou
num livro, o Brasil tem pelo menos 17 milhões
de armas, 90% nas mãos de civis. Ele citou outras
estatísticas, como a de que quatro em cada dez
mulheres assassinadas à bala são vítimas
dos parceiros, e um levantamento do governo do Estado
do Rio que mostra que 61% das armas apreendidas com bandidos
já tiveram registro legal.
"Se arma trouxesse alguma segurança, o Brasil
seria um paraíso de tranqüilidade",
argumentou Bandeira. Para Fleury, os dados não
têm base científica e, por essa metodologia,
o número de armas não ultrapassaria 2,5
milhões. O debate acabou desfavorável para
os partidários do "sim", já que
o desembargador João de Deus Menna Barreto, convidado
para falar sobre motivos de votar favoravelmente à proibição
do comércio de armas, declarou-se ainda indeciso. "Até agora
a questão só tem causado perplexidade.
Tenho certeza de que no dia do pleito terei posição,
mas no momento registro apenas minha perplexidade",
disse Barreto, deixando a tarefa de defender o "sim" para
Bandeira.
O desembargador
Antônio Carlos Amorim, ex-presidente
do Tribunal de Justiça do Rio convidado para falar
sobre a votação do ponto de vista constitucional,
também acabou defendendo o "não".
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