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Perfil do Articusta
Glauco Fonseca é gaúcho, tem 42 anos e é consultor
para competitividade, especialista em telecomunicações
(mídia, produtos e serviços de varejo e corporativos).
Saiba mais! UM DIA...
por Glauco Fonseca
...Vieram e quebraram o sigilo bancário de um vizinho caseiro.
Como eu moro em apartamento, não sou caseiro e nem tampouco
tenho um caseiro não me importei. Ninguém foi demitido
do banco onde o crime foi cometido, mas não me importei.
Afinal de contas, nem conta eu tenho lá.
Outro dia,
um presidente boliviano levou a minha estatal que estava lá no país dele. Eu não dei bola, porque afinal
de contas meu carro é a álcool.
No outro dia,
veio um presidente venezuelano num estado vizinho ao meu tramar,
nas
minhas barbas, a tomada do poder com um dirigente
de um movimento dos sem terra. Eu, que não sou fazendeiro
e não planto nem bananeira, não dei importância
e nada fiz a respeito.
Aí um dia veio o presidente do meu país tentar subjugar
os jornalistas que eu leio, os articulistas da revista que eu assino
e os caras que escrevem nos blogs , portais e sites que eu visito,
através de uma “entidade”. Eu novamente achei que o problema
não era comigo, pois nem jornalista eu sou.
Dia desses,
tentaram levar o revólver do meu vizinho da
frente. Eu, que tenho pavor mesmo é de bandido, mesmo assim,
me restringi a votar “não”, correndo o risco de ficar totalmente à mercê de
todos os tipos de bandidos, quadrilhas e bandos que hoje se proliferam
no Brasil.
Aí apareceram uns sujeitos com cara e sobrenome oriental.
Um deles participou de prejuízos ao fundo de pensão
de meu vizinho próximo. O outro, é presidente de
uma entidade que recolhe dinheiro compulsório de um outro
vizinho. Um dos “japas” foi indiciado e o outro é alvo de
investigações que ainda nem começaram direito.
Como eu não tenho dinheiro investido em fundo de pensão
nem tampouco sou microempresário, deixei pra lá e
nada fiz.
Assim, mês a mês, sucessivamente, vizinhos meus foram
levados no bico, um a um. Num sábado, apareceram várias
pessoas com bandeiras vermelhas com estrelas amarelas, pedindo
votos. Desta vez, nenhum vizinho foi levado no papo. Nenhum vizinho
colocou a bandeira na janela, nenhum vizinho colou o adesivo, vestiu
a camiseta e o boné. Novamente, achei que o assunto não
era comigo, pois jamais votei no partido dos trabalhadores.
Aí eles acharam que o eleitor era amnésico, que
roubar era comum, que cassar estava fora de moda, que o que era
público era mais deles do que meu. Aí eu fiquei preocupado.
Eu escrevo
todo dia, eu discuto todo dia, eu informo a todos, sempre que
posso, sobre
o que está acontecendo no Brasil.
Hoje eu descobri que o problema é, sim, todo meu.
Eu e meus vizinhos
não
levamos mais desaforo pra casa.
Publicado em 26/04/2006 |

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