A
QUESTÃO DO DESARMAMENTO
Conferencia
do Cel. Mario Hecksher Neto na Academia Militar
das Agulhas Negras (1)
1.
ORIGEM DA QUESTÃO
Progressivamente,
a violência aumentou no Brasil nos últimos 20 anos.
Alguns
dos principais motivos para que isto ocorresse foram
e são os seguintes:
-
Um Poder Judiciário que se mostra obsoleto e parcialmente
corrupto e cujas ações extremamente lentas criam
a impunidade.
-
Uma Legislação inadequada que favorece, também, a
impunidade.
-
Um Sistema Penitenciário fora de controle, onde os
centros de correção funcionam como “escolas do crime”.
-
A ação de ONGs que protegem os “direitos humanos”
dos bandidos, em detrimento dos cidadãos de bem.
-
Interferência do clero progressista e outros agentes
no sistema penal, como a atuação de padres que pregam
a luta de classes dentro dos presídios, gerando verdadeiros
“partidos revolucionários do crime” como o PCC, o
Comando Vermelho e outras facções.
-
Polícias incompetentes, em muitos casos, mal equipadas
e corruptas.
-
A falta de unidade de comando nas polícias militares
e civis estaduais, gerando conflitos e pouca integração
no combate ao crime.
-
Politização das Secretarias de Segurança dos Estados
e de suas polícias subordinadas, como também da Polícia
Federal, favorecendo conflitos internos e a busca
da satisfação de objetivos partidários, o que contribui
para a ineficiência dos órgãos de segurança pública.
-
A existência de grandes guetos de pobreza e a ocorrência
de elevado índice de desemprego são aspectos que
afetam a população em torno dos grandes centros urbanos.
Os habitantes das favelas provocam o indesejável
“inchamento” das cidades e são facilmente cooptados
pelos agentes do crime organizado (narcotráfico e
outros).
-
A brutal diminuição do número de famílias normalmente
constituídas, com pai, mãe e seus filhos, situação
fundamental para o crescimento sadio das crianças
e para o progresso anímico da sociedade.
-
O afastamento dos fiéis da Igreja Católica (no Brasil,
a maioria absoluta da população se declara católica,
mas só uma pequena parte pratica a religião), tendo
como conseqüência maior a perda de valores fundamentais
para a boa convivência humana.
-
O surgimento dos crimes transnacionais conduzidos
por facções do crime organizado que praticam amplamente
o narcotráfico, o contrabando de todo tipo, inclusive
o de armas sofisticadas, o roubo de cargas, os seqüestros,
as extorsões, a adulteração de combustíveis, o roubo
de veículos, etc. São exemplos do que falo a máfia
nigeriana, a máfia coreana, as FARC e outros grupos.
-
A incompetência da PF para impedir a prática dos
crimes transnacionais acima mencionados.
-
Os maus exemplos constantes dados pelos dirigentes
políticos, fazendo com que muitos pensem que podem
“levar vantagem em tudo” (lei de Gerson).
-
O “roubo político”, sobejamente demonstrado
nas investigações realizadas pela PF para atender às
CPIs em curso no Congresso nos dias atuais.
Todos
esses fatores provocaram e provocam o crescimento
da criminalidade, da violência e da insegurança,
elevadas a níveis insuportáveis.
Foi
neste quadro que o Governo sancionou a LEI 10.826,
de 23 de dezembro de 2003, que ampara a aplicação
do ESTATUTO DO DESARMAMENTO.
Entretanto,
tal Estatuto não foi aprovado como os seus relatores
pretendiam. Na verdade, eles queriam uma lei radical
que obrigasse todas as pessoas a entregar as armas
que porventura já possuíssem! Mesmo assim, o porte
de arma está proibido para as pessoas comuns e a
posse de arma foi, mais uma vez regulamentada, acrescendo-se às
exigências anteriormente existentes outras mais complexas
como uma série de certidões, exame psicotécnico,
exame de capacidade e taxas diversas que se elevam
a R$ 1500,00.
Mas
a chamada “Lei do Desarmamento” não mudou o panorama
do crime, que continuou ocorrendo em nível muito
elevado e sempre cresceste, pois com ela o governo
só controla o cidadão que tem suas armas registradas
e domicílio conhecido, enfim uma pessoa normal, um
cidadão de bem. Ora, o bandido não tem arma registrada,
nem domicílio e para ele a Lei pouco importa.
Conclui-se
parcialmente que a Lei será sempre ineficaz se o
Estado não puder fazer com que todos a cumpram.
A
Lei, do modo como foi aprovada, não obrigou o cidadão
a entregar suas armas de fogo ao Estado, mas determinou
a realização da caríssima e ineficaz Campanha
do Desarmamento (doação voluntária com indenização
de R$100,00 ou R$300,00 por arma) organizadas pelo
governo com o dinheiro público (gasto estimado de
R$600 milhões) e ativamente apoiada por ONGs diversas,
muitas delas financiadas do exterior (já foram mostrados
documentos que mostram a ONG VIVA RIO, por exemplo,
patrocinada por dinheiro inglês).
Observe-se,
ainda, que algumas poderosas redes de TV e rádio
apóiam o governo mostrando-se favoráveis ao desarmamento
e atuam por intermédio de conhecidos chargistas e
dos apresentadores mais populares. Talvez ajam assim
para não perder os vultosos recursos oriundos da
propaganda governamental.
A
“Lei do Desarmamento” também marcou um referendo (consulta
popular) para 23 de outubro de 2005 no qual a população
deverá se manifestar a respeito da PROIBIÇÃO DO COMÉRCIO
DE ARMAS E MUNIÇÕES, isto é, os brasileiros maiores
de 16 anos irão decidir sobre a proibição ou manutenção
do seu direito de poder adquirir uma arma de fogo
em comércio devidamente credenciado seja pela polícia
Federal, seja pelo Exército, votando NÃO se for desfavorável à proibição
(tecla 1) e SIM em caso contrário (tecla 2).
2.
UMA PERGUNTA QUE PRECISA SER RESPONDIDA
Existe
alguma indicação ou experiência que mostre a proibição
da venda legal de armas como medida capaz de reduzir
a criminalidade e a conseqüente violência por ela
gerada?
1)
Recentemente, o governo australiano editou uma lei
obrigando os proprietários de armas a entregá-las
para destruição. Foram recolhidas mais de 600.000
armas, num programa que custou US$500 milhões ao
contribuinte.
Entretanto,
após um ano de aplicação da lei, os resultados foram
os seguintes:
-
Homicídios: aumento de 3,2%;
-
Agressões: aumento de 8,6%; e
-
Assaltos a mão armada: aumento de 44%.
Registrou-se
um incrível aumento do número de invasões de residências
e agressões a idosos, tanto nas cidades como nas áreas
rurais.
Hoje,
os políticos estão sem saber como explicar aos eleitores
a deterioração da segurança pública, após os gastos
realizados para livrar das armas a sociedade australiana.
Certamente as pessoas de bem entregaram suas armas,
enquanto os malfeitores as mantiveram, apesar da
proibição legal e hoje as usam sem temer reação igual
do agredido.
2)
No Reino Unido, onde a polícia andava desarmada até poucos
anos atrás, foi adotada uma política de desarmamento,
isto é, a proibição da posse e conseqüente compra
e venda de armas de fogo. Contudo, pesquisa realizada
pelo Instituto Inter-regional de Estudos de Crime
e Justiça da ONU revelou que Londres é hoje considerada
a capital do crime na Europa.
Os
crimes a mão armada na Inglaterra e País de Gales
cresceram 35% no primeiro ano de aplicação da lei.
Conforme informações do Governo houve 9.974 crimes
entre abril de 2001 e abril de 2002, contra 7.363
casos registrados no ano anterior, sendo que os assassinatos
com armas de fogo teriam aumentado 32%.
É lícito
concluir que o desarmamento do cidadão comum estimulou
o marginal, que não entregou sua arma, a praticar
mais crimes e o Estado, mesmo tendo uma polícia comprovadamente
moderna e eficiente, nada conseguiu fazer para impedi-lo.
3)
Nos Estados Unidos da América a decisão de permitir
o porte de armas é adotada independentemente por
cada Estado. Aqueles que permitem a venda e o porte
de armas à população ordeira têm índices de crimes
violentos muito inferiores à média nacional. Em contrapartida,
aqueles que apresentam maiores restrições à aquisição
e ao porte apresentam índices expressivamente maiores.
Washington, onde a proibição é total, é a cidade
mais violenta daquele país.
4)
No Brasil, a aprovação da Lei do Desarmamento e a
conseqüente Campanha de Desarmamento levada a efeito,
com muita propaganda e gasto do dinheiro público,
em nada mudou o quadro da violência e da criminalidade.
Tudo
indica que não há relação de causa e efeito entre
as armas recolhidas e os índices de criminalidade
registrados, isto é, as cerca de 160 mil armas recolhidas
não estavam nas mãos de criminosos, mas sim de pessoas
de bem.
A
campanha apresentou resultados pífios sob todos os
aspectos, pois, de acordo com documento elaborado
pelo Cel Diógenes Dantas Filho em parceria com o
Ministério Público Militar Federal, existem cerca
de 20 milhões de armas clandestinas e 2 milhões de
armas registradas, números enormes diante da quantidade
de armas recolhidas.
Sobre
o assunto em pauta, a conhecida Deputada Federal
e Juíza aposentada Denise Frossard disse o seguinte:
“-
... a experiência de proibições comerciais mundo
afora construiu e fez crescer o mercado clandestino
e o contrabando. Esse é o caminho fértil para aumentar
a corrupção.
A
medida certa está no controle da fabricação
e do porte de armas de fogo e não na proibição
da comercialização.
--------------------------------------------------------------------------------------------------
O
caminho do controle foi retomado em fevereiro de
1997, com a edição da Lei 9.437, que estabeleceu
condições para o registro e o porte de armas de
fogo e, mais relevante, configurou como crime possuir,
deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar,
expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, emprestar, remeter, empregar,
manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
Em
1997, o porte ilegal de armas era uma simples contravenção
penal. A partir de então, com a Lei 9.437, passou
a ser crime, com pena de prisão.”
Diante
do que foi exposto, vê-se que impedir a venda legal
de armas e munições não será a medida que irá reduzir
a criminalidade e a violência, como já reconheceu
o próprio Presidente da República quando disse em
pronunciamento veiculado pela mídia que o desarmamento
teria apenas um “efeito simbólico” (sic).
3.
OUTRAS PERGUNTAS PARA OS LEITORES MEDITAREM
Há outras
perguntas que não estão respondidas e que são importantes
para esclarecer o assunto. Eu as deixo para a meditação
dos leitores:
a.
A quem interessa o desarmamento e a proibição da
venda de armas e munições?
b.
Qual a origem do dinheiro que mantém as ONGs que
são favoráveis ao desarmamento e à proibição da venda
legal de armas e munições no Brasil?
c.
Por que o Governo Federal está tão engajado em prejudicar
a pequena indústria de armas nacional, se isto nos
coloca em evidente desvantagem diante dos países
ricos, possuidores de enormes, riquíssimas e poderosas
indústrias bélicas?
d.
Que vantagens levam as emissoras de rádio e TV que
apóiam o Governo Federal na questão em pauta?
e.
Como poderemos viabilizar a Estratégia da Resistência
sem capacidade para produzir o nosso próprio arsenal?
f.
Como poderá sobreviver a nossa pequena indústria
de armas e munições se não puder vender seus produtos
no mercado interno